Linda região do Sul de Minas que carrega a história de uma lenda... a lenda na íntegra segue no fim deste Post.
São muitas as cidades que merecem uma visita na região.. é possível montar roteiro de mais de um mês de viagem, mas vou aqui traçar algumas sugestões ... dentre as muitas que poderiam ser traçadas... Como roteiro tradicional pode ser citado visitar o Parque das Águas de São Lourenço e de Caxambú. Ambas cidades possuem boa estrutura para receber turistas.
No entanto... vou destacar aqui uns lugares com beleza particular e uma diversidade de passeios.
Nesse post vou começar por Aiuruoca, depois Itanhandu e terminarei em Gonçalves.
Todo esse roteiro fica bem próximo de São Paulo e do Rio e Janeiro.
Aiuruoca (distância de BH 324km, SP 346km e RJ 270km)
Gonçalves (distância de BH 457km, SP 212km e RJ 374km)
Itanhandu (distância de BH 393km, SP 257km e RJ 249km)
Aiuruoca - Itanhandu 89,6km / Aiuruoca - Gonçalves 214km / Itanhandu - Gonçalves 182km
Pra quem sai de BH sugiro começar por Aiuruoca e terminar em Gonçalves. A caminho de Aiuruoca passa-se por Caxambu, então vale sair bem cedo pra dar uma passadinha no Parque das Águas no caminho.
Quem vai por Itanhandu, passa por São Lourenço e vale passar no Parque das Águas de lá.
Partindo de BH para qualquer um desses lugares a melhor estrada é a 381 Fernão Dias.
Partindo de BH para qualquer um desses lugares a melhor estrada é a 381 Fernão Dias.
Aiuruoca é uma pacata cidade do Sul de Minas com um enorme potencial para o ecoturismo. A cidade tem ar interiorano, todos se conhecem, possui um museu com histórias locais, todos domingos a noite, após a missa há música ai vivo na praça, os preços de hospedagem na zona urbana são bons, bem como nos bares e restaurantes. 3 dias são suficientes para conhecer as cachoeiras locais, mas quem quer ir também aos picos, é necessário mais uns dois dias devido à caminhada. As cachoeiras exigem pouco esforço, exceto a do Fundo no Vale do Matutu, cuja caminhada demora mais ou menos 1h30m.
Fundo e Vale do Matutu:
Também é no Matutu que se tem acesso ao Pico Cabeça de Leão. Para visitá-lo é necessário guia e um dia inteiro. Na volta, para refrescar, é legal passar na cachoeira das Fadas no Matutu ou na dos Macacos, pertinho da estrada para o Matutu. Nos Macacos não tem placa indicativa, deve-se pegar o quebra costela (a direita da estrada sentido cidade) quase em frente a estrada que vai para Ananda Matutu.
Fada: Macacos:
No Vale do Matutu ficam excelentes pousadas. Você encontra a lojinha do Paiol que vende artesanatos locais, um bar e para almoçar, no caminho para o Fundo há uma senhora que serve refeiçoes deliciosas.
Também voltando para a cidade, partindo do Matutu, fica a cachoeira do Batuque, junto à pousada do Batuque. O poço é raso, mas a queda é muito boa e sempre está vazia, Há uma placa na estrada indicando a pousada, após entrar na estradinha indicada, virar a direita e subir um morro ... talvez pouco recomendado para carros 4x2 em época de chuva. A trilha tem muito mato!
Batuque: Deus me Livre:
Quando está quase chegando em Aiuruoca, vindo do Matutu, há uma fazendinha a esquerda, em frente a umas pedras grandes. Essa fazenda dá acesso à cachoeira do Deus me Livre. A caminhada é de 15min mas no fim da trilha têm umas partes escorregadias que exigem um esforço a mais. Não há placa indicando. Têm que entrar mesmo na fazenda e deixar as cercas todas fechadas pro gado não fugir.
Ainda na mesma estrada fica o restaurante Kiko e Kika com a melhor truta defumada e o Pocinho, onde há um bar que serve porções, pastéis e bebidas. O pocinho é uma ótima pedida nos finais de tarde.
Já saindo de Aiuruoca rumo ao trevo fica o acesso para o Pico do Papagaio. para chegar ao pico é necessário guia. Em Aiuruoca, na pousada Ajuru, há oferta de guias e passeios.
Além do Pico essa estradinha leva à cachoeira dos Garcias, uma das mais bonitas da região. Quem está de 4x4 desce até bem perto da água.
Seguindo até o trevo e atravessando-o ainda têm duas cachoeiras. Mais info em:
http://encantosprair.blogspot.com.br/2013/06/aiuruoca-mg.html
ITANHANDU....http://encantosprair.blogspot.com.br/2014/02/itanhandu-mg.html
Para conhecer Itanhandu recomendo 3 dias, um para descansar na pousada Serra que Chora, fazendo caminhadas e cavalgadas, outro para ir ao bairro dos Jardins onde ficam os pontos para banho (Cipó e Cachoeira do Vô Delfim) e por fim, um dia para conhecer Passa Quatro, cidade vizinha que tem uma Maria Fumaça. Caso tenha interesse em conhecer o Parque do Itatiaia vale emendar mais um ou dois dias. O friozinho da região deixa o clima agradável.
O que me faz adorar Itanhandu é a Pousada Serra que Chora e por isso minha indicação de estadia é lá. Recomendo visita a plantação de oliveiras que gera a matéria prima para a produção local de azeite, a criação de ovelhas, experimentar o queijo de leite de ovelha com o feito na Serra da Estrela em Portugal provar o presunto tipo parma, nadar na piscina de água natural e pescar.
Na pousada todos ficam amigos!
Mais informações da pousada em: https://www.facebook.com/pages/Pousada-Fazenda-Serra-que-Chora-Itanhandu-MG/684379108242140?fref=ts
Telefone: 35 3361 1233
GONÇALVES:
http://encantosprair.blogspot.com.br/2013/06/goncalves-mg-httpwww.html
Gonçalves é uma cidade vizinha à famosa Monte Verde, no entanto mais vazia, com preços menos salgados... a paisagem é linda. Matas de Araucárias, rios, cachoeiras e picos que no topo guardam capelinhas.
A truta é o principal prato e é encontrada em qualquer barzinho. A gastronomia é o melhor convite para ir a Gonçalves. São vários os restaurantes maravilhosos e lojinhas com chutneys, geléias e pães. Todas essas lojinhas têm produtos para serem provados.
Em uma feirinha que ocorre pelas manhãs são comercializadas hortaliças sem agrotóxico, filés de trutas defumadas embaladas a vácuo e outras guloseimas.
Sugiro um dia de viagem para ir às cachoeiras pela manhã (caminha-se pouco até elas e como a água é muito gelada, não é necessário para um dia inteiro passeando pelas cachoeiras) e a tarde ir até algum dos picos (preferencialmente os que têm restaurantes próximos para fazer uma parada para almoço). Um dia é indicado para caminhadas em outros picos, curtindo a paisagem, passando pelas matas de Araucárias e outro dia para passear por Monte Verde.
A truta é o principal prato e é encontrada em qualquer barzinho. A gastronomia é o melhor convite para ir a Gonçalves. São vários os restaurantes maravilhosos e lojinhas com chutneys, geléias e pães. Todas essas lojinhas têm produtos para serem provados.
Em uma feirinha que ocorre pelas manhãs são comercializadas hortaliças sem agrotóxico, filés de trutas defumadas embaladas a vácuo e outras guloseimas.
Sugiro um dia de viagem para ir às cachoeiras pela manhã (caminha-se pouco até elas e como a água é muito gelada, não é necessário para um dia inteiro passeando pelas cachoeiras) e a tarde ir até algum dos picos (preferencialmente os que têm restaurantes próximos para fazer uma parada para almoço). Um dia é indicado para caminhadas em outros picos, curtindo a paisagem, passando pelas matas de Araucárias e outro dia para passear por Monte Verde.
“Mantiqueira que Chora”
Conta a lenda que vivia uma Princesa Encantada da Brava Tribo Guerreira do Povo Tupi. Seu nome, o tempo esqueceu; seu rosto, a lembrança perdeu. Só se sabe que era linda. E era tão linda que todos a queriam, mas ela não queria ninguém. Vira homens se matarem por vê-la. Tacapes velozes triturando ossos, setas certeiras cortando as carnes. Como poderiam amá-la se não amavam a si próprios?
A bela princesa se apaixonou pelo Sol, o guerreiro de cocar de fogo e carcás de ouro que vivia lá em cima, no céu, caçando para Tupã. Mas o Sol, ao contrário de tantos príncipes, não queria saber dela. Não via sua beleza, não escutava suas palavras nem detinha para tê-la.
Mal passava, cálido, por sua pele morena, sua tez cheirando a flor, mal acariciava seus pelos negros, suas pernas esguias e, fugaz, seguia impávido a senda das horas e das sombras. Mas ela era tão bonita que senti-la nua, seus pequenos túrgidos seios, seus lábios de mel e seiva, sua virginal lascívia, acabaram também encantando o Sol. E o Guerreiro de Cocar de Fogo fazia horas de meio-dia sobre o Itaguaré...
A Lua, mal surgia sobre a serra, já sumia acolá. Logo, não havia noite. O Sol não se punha mais e não havia sono, e não havia sonho e, tão perto o Sol vinha beijar a amada, que os pastos se incendiavam, a capoeira secava e ferviam os lamaçais...
De tênues penugens de prata, plumas alvas de cegonhaçu, a Lua viu que estava ameaçada por uma simples mulher. O Sol, que na Oca do Infinito já lhe dera tantas madrugadas de prazer, tantas auroras de puro gosto, se apaixonara por uma mulher...
E tanto, de tanto que Tupã quis saber o que era, que a Lua, cheia de ódio, crescente de ciúme, minguante de dor, se fez um novo ser de noites-sem-lua e foi contar tudo para Tupã. Como uma simples mulher ousou amar o Sol? Como o Sol ousou deter o tempo para amar alguém? Que ele nunca mais a visse! Mas o Sol tudo vê!... Tupã ergueu a maior montanha que existia e lá dentro encerrou a Princesa Encantada da Brava Tribo Guerreira do Povo Tupi. O Sol, de dor, sangrou poentes e quis se afogar no mar. A Lua, com a dor de seu amado, chorou miríades de estrelas, constelados de prantos de luz. Mas nenhum choro foi tão chorado como o da Princesinha, tão bela, que nunca mais pode ver o dia, que nunca mais sentiria o Sol... Ela chorou rios de lágrimas, Rio Verde, Rio Passa Quatro, Rio Quilombo, Rios de águas límpidas, minas, fontes, grotas, ribeiras, enchentes, corredeiras, bicas, mananciais. Seu povo esqueceu seu nome, mas chamou de Amantigir, a “Serra que Chora”, Mantiqueira, a montanha que a cobriu.
Conta a lenda que foi assim...
A bela princesa se apaixonou pelo Sol, o guerreiro de cocar de fogo e carcás de ouro que vivia lá em cima, no céu, caçando para Tupã. Mas o Sol, ao contrário de tantos príncipes, não queria saber dela. Não via sua beleza, não escutava suas palavras nem detinha para tê-la.
Mal passava, cálido, por sua pele morena, sua tez cheirando a flor, mal acariciava seus pelos negros, suas pernas esguias e, fugaz, seguia impávido a senda das horas e das sombras. Mas ela era tão bonita que senti-la nua, seus pequenos túrgidos seios, seus lábios de mel e seiva, sua virginal lascívia, acabaram também encantando o Sol. E o Guerreiro de Cocar de Fogo fazia horas de meio-dia sobre o Itaguaré...
A Lua, mal surgia sobre a serra, já sumia acolá. Logo, não havia noite. O Sol não se punha mais e não havia sono, e não havia sonho e, tão perto o Sol vinha beijar a amada, que os pastos se incendiavam, a capoeira secava e ferviam os lamaçais...
De tênues penugens de prata, plumas alvas de cegonhaçu, a Lua viu que estava ameaçada por uma simples mulher. O Sol, que na Oca do Infinito já lhe dera tantas madrugadas de prazer, tantas auroras de puro gosto, se apaixonara por uma mulher...
E tanto, de tanto que Tupã quis saber o que era, que a Lua, cheia de ódio, crescente de ciúme, minguante de dor, se fez um novo ser de noites-sem-lua e foi contar tudo para Tupã. Como uma simples mulher ousou amar o Sol? Como o Sol ousou deter o tempo para amar alguém? Que ele nunca mais a visse! Mas o Sol tudo vê!... Tupã ergueu a maior montanha que existia e lá dentro encerrou a Princesa Encantada da Brava Tribo Guerreira do Povo Tupi. O Sol, de dor, sangrou poentes e quis se afogar no mar. A Lua, com a dor de seu amado, chorou miríades de estrelas, constelados de prantos de luz. Mas nenhum choro foi tão chorado como o da Princesinha, tão bela, que nunca mais pode ver o dia, que nunca mais sentiria o Sol... Ela chorou rios de lágrimas, Rio Verde, Rio Passa Quatro, Rio Quilombo, Rios de águas límpidas, minas, fontes, grotas, ribeiras, enchentes, corredeiras, bicas, mananciais. Seu povo esqueceu seu nome, mas chamou de Amantigir, a “Serra que Chora”, Mantiqueira, a montanha que a cobriu.
Conta a lenda que foi assim...
( Trecho da peça “A Fantástica Lenda de Algures”)